Botecos, ou serei um ET?

Tenho que confessar já que nunca precisei de pagar por sexo. Não sou nenhum deus grego, mas sem falsas modéstias, nunca tive que pagar a nenhuma brasileira para me chamar de "meu amor, gostoso, tigrão,..." e por aí fora. Brasileira, romena, ucraniana, portuguesa, é só escolher.

Vem isto a propósito dos rituais que eu, os meus amigos e alguns conhecidos temos depois dos nossos jantares, ou então depois do Benfica - isto só para dizer que estive lá ontem, já começei a época...

É sempre igual: escolhemos onde vamos jantar - temos que comer bem, claro - e depois vai tudo para o boteco, excepto o menino aqui. Isto porque quando vai é só prejuízo: não pago copos a nenhuma, como lhes dou conversa e não lhes quero saltar para cima, os patrões que nos conhecem olham-me de lado quando me vêm, e para alguns dos meus amigos é concorrência desleal... E como nessa altura já parei de beber - como disse no boteco não há copos, ou então é só coca-cola, sobra para mim levar o autocarro.

O pior é que quando falo com eles sem os conhecidos, sei que aquilo é tudo uma fantochada, um descarregar de frustrações, mas não adianta eu dizer nada, já sei que no próximo jantar ou no próximo jogo voltamos ao mesmo. Fazer o quê?

Para compor o ramalhete, quando vai alguém que não me conhece, mal eu digo que vou embora mandam aquele ar de macho latino com os três botões da camisa abertos, o corno pendurado no fio, as mangas arregaçadas com uma dobrazinha, a cheirar a Old Spice e olham para mim como se tivesse vindo de outro planeta!

Agora vivo angustiado, serei ET?